sábado, 18 de abril de 2009

Um Tequinho de CineVertigem

...Quem me dá, quem me dá esse destino de apólogo da miséria urbana, antropólogo do cimento, esteta da palavra moderna que brota do arrependimento; da culpa caudalosa e ancestral que vem dos holandeses tão lindos que comeram as pernambucanas nas praias do Recife quando os tubarões não chegavam e os portos não avançavam por mangues cheios de comidas... quero ser o perfeito defensor dessas causas perdidas, curar as dores das barrigas que não degustam os manjares possíveis somente aos nobres paladares dos sociólogos da corte que cortam o raciocínio em começo, os meios e os fins; tudo tem finalidade, essa a grande verdade e eu não venho aqui para defender nem para explicar, confundir é o meu lugar, lugar de 500 anos de solidão que não explicam a contradição entre o país real e o imaginário, o país original e o falsário, o país do que acontece do que podia ter acontecido se o índio não tivesse comido a banha do bispo Sardinha morto no açougue das almas, morto no azougue com palmas no auditório quase vazio de nossa história, uma história que não é contada no cinema , esse nosso dilema...

[Ricardo Soares: excerto da Cinevertigem]

Um comentário:

Ana Aitak disse...

fico feliz por tocar vc de alguma forma, através de minhas palavras...