sábado, 27 de dezembro de 2008

Don't Look Back

Todos nos imaginamos como agentes de nosso destino. Capazes de determinar o próprio destino. Mas nós temos realmente escolha de quando levantar? De quando cair? 
Ou existe alguma força maior que nós que faz o caminho?
É a evolução que nos guia pelas mãos? A ciência que dita o caminho? Ou é Deus que intervém? Nos mantendo seguros.

(...)

Mesmo com todo o seu poder, é um defeito do homem não poder escolher o seu destino. Ele pode apenas escolher como reagirá quando o chamado do destino vier. Esperando ter a coragem para responder a altura.

Heroes

Gênesis

De onde vem... essa busca, essa necessidade de solucionar os mistérios da vida? Quando nem as mais simples perguntas podem ser respondidas.
"Por que estamos aqui?", "O que é a alma?", "Por que sonhamos?".
Talvez as pessoas devessem parar de procurar o significado dessas coisas.
Sem interromper, sem desejar.
Essa não é a natureza humana.
Não é o coração humano.
Não é por isso que estamos aqui.

(...)

Essa busca, essa necessidade de solucionar os mistérios da vida. No final, o que importa se o coração humano só pode encontrar significado para os menores momentos?
Eles estão aqui. Entre nós.
Nas sombras, na luz. Em todo lugar.
Eles têm conhecimento disso?

Heroes

Dualidade

No sexto dia, Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança. Agora depende de nós entender tudo isso.
O certo, o errado.
O bem, o mal.
Em cada um de nós está a capacidade para decidir o que move nossas ações.
Então, o que é isso que faz alguns escolherem a abnegação, a necessidade de se devotarem a algo maior... Enquanto outros só conhecem seus próprios interesses? Isolando a si mesmos num mundo que eles mesmo criam?
Alguns buscam amor, mesmo que não seja correspondido, enquanto outros são movidos pelo medo e a traição.
Há aqueles que vêem suas escolhas como prova obscura da ausência de Deus, enquanto outros seguem pela vereda do destino nobre.
Mas no final, o bem, o mal, o certo, o errado, o que escolhemos nunca é o que realmente precisamos. Pois essa é a brincadeira cósmica final. O verdadeiro presente que Deus deixou...

(...)

Há o bem, e há o mal.
Certo e errado.
Heróis e vilões.
E se formos abençoados com o bom senso, então há vislumbres entre as fendas nas quais os feixes de luz atravessam.
Esperamos em silêncio por essas horas.
Quando a razão prevalece...
Quando a existência insignificante entra em foco. E nosso propósito se apresenta.
E se tivermos a força para sermos honestos, então o que encontraremos nos encarando é o nosso próprio reflexo, colhendo o testemunho de dualidade da vida.
Que cada um de nós, é capaz de estar na escuridão e luz.
Do bem e do mal.
Ou ambos... De todos.
E o destino, enquanto marcha em nossa direção, pode ser redirecionado pelas escolhas que tomamos.
Pelo amor que guardamos e promessas que mantemos.

Heroes

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Indicação ao Caboré 2008

E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar...
Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las.
Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução.
Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um Oásis.
Decidi ver cada noite como um mistério a resolver.
Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz.
Naquele dia, descobri que meu único rival não era mais minhas próprias limitações
e que enfrentá-las era a única e melhor forma de superá-las.
Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tivesse sido.
Deixei de me importar com quem ganha ou perde.
Agora me importa simplesmente saber melhor o que fazer.
Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima e, sim, deixar de subir.
Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de "amigo".
Descobri que o amoré mais que um simples estado de enamoramento,
o amor é uma filosofia de vida.
Naquele dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados
e passei a ser uma tênue luz no presente.
Aprendi que de nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais.
Naquele dia, decidi trocar tantas coisas...
Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornar-se realidade.
E. desde aquele dia, já não durmo para descansar.
Simplesmente durmo para sonhar.

Para quem quer ver o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=FOsr5DGJdTA

Walt Disney

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

"O que é a filosofia?" em menos de 3 mil palavras

Da maneira como a desenvolvo, a filosofia tem uma dupla acepção. De um ponto de vista geral, ela é uma narrativa de desbanalização do banal. De um ponto de vista específico, ela é uma investigação que lida com os mecanismos que nos fazem tomar o aparente pelo real – se é que estamos envolvidos nesse problema. Essa maneira de descrever o que faço como filósofo é o melhor modo que encontrei para colocar meu leitor, de modo rápido, inteirado a respeito do que é o meu cotidiano.

Tudo que vejo e que os outros também enxergam todos os dias se torna banal para nós. O trânsito não funciona na cidade de São Paulo e o prefeito diz que está tudo bem. Alguns reclamam. Mas a pressão do trabalho faz com que todos entrem no ônibus lotado e se submetam a condições desumanas para ir para o serviço. Eis que em determinado momento, ninguém reclama mais. Toma-se como banal que o trânsito não funcione. Ocorre aí a banalização de nossa própria vida. Então, é hora do filósofo mostrar uma cidade grande, em outro lugar, em outro país, onde o trânsito funciona – para desbanalizar o nosso banal, que é o trânsito não funcionando.

O filósofo é aquele que vê o que todos vêem todos os dias, mas ele, diferente de outros, aponta para situações em que aquilo que é visto não é algo que deveria estar ali como está. Poderia não estar. Talvez devesse não estar como está.

Até aí, estou no âmbito da minha atividade de desbanalizador do banal. Caminho na função da filosofia, assumida de acordo com a acepção geral que dou a ela. Mas essa desbanalização do banal me conduz para à minha segunda acepção de filosofia.

Entro em casa, ligo a televisão e vejo o prefeito, de helicóptero, passeando por cima de São Paulo e afirmando que o trânsito em São Paulo não é tão ruim, que “sempre foi dessa maneira”, que São Paulo é muito grande e que com 22 milhões de pessoas aglomeradas “não poderia ser diferente”. Eis que está na sala um vizinho, e ele apóia o prefeito. Ele acredita que, de certo modo, o prefeito está certo. Como poderiam 22 milhões de pessoas aglomeradas, todo mundo de carro, não congestionar a cidade – impossível. O jeito de lidar com a coisa, então, é uma só: paciência – esta é a fórmula do prefeito e do meu vizinho. Bem, diante dessa conclusão do meu vizinho, minha atividade de desbanalização do banal caminha para o campo da minha segunda acepção de filosofia. Pois o que meu parente está fazendo é simplesmente parar de pensar e aceitar o discurso – ideológico – do prefeito.

O problema, então, não é o de convencer o meu vizinho de que o prefeito está usando de um discurso ideológico. O problema filosófico, neste caso, é mais complexo. O filósofo não é o que vai desideologizar o discurso do prefeito. O filósofo é o que vai investigar para entender quais os mecanismos (se é que existem) tornaram o vizinho capaz de tomar o aparente – o problema do trânsito não tem solução – pelo real – o problema do trânsito deve ter solução, uma vez que a racionalidade em outros lugares eliminou tal problema.

Paul Ghiraldelli Jr.

Dálogo Filosófico

As coisas não são o que são, mas também não são o que não são - disse o professor suíço ao estudante brasileiro.

Então, que são as coisas? - inquiriu o estudante.

As coisas simplesmente não.

Sem verbo?

Claro que sem verbo. O verbo não é coisa.

E que quer dizer coisas não?

Quer dizer o não das coisas, se você for suficientemente atilado para percebê-lo.

Então as coisas não têm um sim?

O sim das coisas é o não. E o não é sem coisa. Portanto, coisa e não são a mesma coisa, ou o mesmo não.

O professor tirou do bolso a não-barra de chocolate e comeu um pedacinho, sem oferecer outro ao aluno, porque o chocolate era não.

Carlos Drummond de Andrade