domingo, 31 de maio de 2009

Um obrigado especial


Desejo primeiro que você ame, e que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom usa dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer e que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal, porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga "Isso é meu", só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você, mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem, tenha uma boa mulher, e que sendo mulher, tenha um bom homem.
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a te desejar.

Victor Hugo


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Tenho que dar um agradecimento especial para Ana Aitak, uma amiga que criei através de um blog. E claro agradecer também por esse belo presente de aniversário...

Obrigada ;)

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Feliz Aniversário


Para mim é claro...

Sim! Estou comemorando meu vigésimo quarto aniversário, nessa data querida. Muitas pessoas me desejam felicidades e muitos anos de vida...

Não vou me prolongar muito, apenas me desejo (no auge do meu egoísmo) mais um ótimo ano de vida....

Felicidades mil.

(...)

Passam-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amigo meu, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Vinícius de Morais

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Call me, Call me

(Yoko Kanno e Steve Conte)

I close my eyes and I keep seeing things
Rainbow Waterfalls
Sunny liquid dream
Confusion creeps inside me raining doubt
Got to get to you
But I don't know how

Call me, call me...
Let me know it's alright
Call me, call me...
Don't you think it's 'bout time
Please won't you call and

Ease my mind
Reasons for me to find you
Peace of mind
What can I do
to get me to you?

I had your number quite some time ago
Back when we were one
But I had to grow
Ten thousand years I've searched it seems and now
Gotta get to you
Won't you tell me how?

Call me, call me...
Let me know you are there
Call me, call me...
I wanna know you still care
Come on now won't you

Ease my mind
Reasons for me to find you
Peace of mind
Reasons for living my life
Ease my mind
Reasons for me to know you
What can I do
to get me to you?

...

Eu fecho meus olhos e continuo vendo coisas
Cachoeiras de arco-íris
Sonhos molhados ensolarados
Confusão rasteja dentro de mim chovendo dúvidas
Tenho que chegar até você
Mas não sei como

Me ligue, me ligue...
Deixe-me saber que está tudo bem
Me ligue, me ligue...
Não acha que já está em tempo?
Por favor, você não vai me ligar e

Acalmar minha mente
De motivos para eu te procurar
Paz para a mente
O que posso fazer
para chegar até você?

Eu tinha seu número há um tempo atrás
Quando éramos jovens
Mas eu tive que crescer
Parece que venho te buscando há 10 mil anos
E agora preciso chegar até você
Não vai me dizer como?

Me ligue, me ligue...
Deixe-me saber que você está aí
Me ligue, me ligue...
Quero saber se você ainda se importa
Vamos logo, você não vai

Acalmar minha mente
De motivos para eu te procurar
Paz para a mente
De motivos para viver minha vida
Acalmar minha mente
De motivos para eu te conhecer
O que eu posso fazer
para chegar até você?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Responsáveis pelo Amor

Foto: http://ladybirdm.deviantart.com/art/Love-35009942

"O coração tem status de símbolo do amor, mas os verdadeiros culpados são o cérebro, os feromônios, a dopamina, a feniletilamina, a ocitocina e outras coisinhas que, cá entre nós, você nunca vai desenhar num cartão romântico..."

Autor Desconhecido

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Meu erro foi ter nascido!

"Essa casa não é minha e nem é meu este lugar... Estou só... E não resisto..."

O ser humano sabe ser cruel como ninguém. Ele sabe como puxar o tapete de nossos pés com a mesma facilidade com que nos colocou numa redoma de vidro feita para objetos de rara beleza e de valor incalculável. Ele nos reduz a pó depois de nos erguer nas alturas. Ele nos transforma em resto, do tipo que o gato enterra, mesmo tendo nos tratado, um dia, como o prato principal, o manjar dos deuses!

E como ser humano que sou nas mãos desses, também, classificados como seres humanos, não sei se me sinto pasma ou envergonhada de ser quem sou. De acreditar nos seres que agem como eu, que se envolvem como eu, que acreditam como eu, mas que não possuem sentimentos como eu, que não saem da mesma forma com que entram, pela porta da frente, como eu.

Aí, me pergunto: Por que ando na contra-mão da vida, meu Deus? Pra tomar porrada a cada esquina e sair machucada? E a resposta se apresenta de forma simples: Porque a vida já está no seu curso, já nos apegamos a ela como ela é, com nossos traumas que já sabíamos que teríamos, nossos medos, nossas fantasias que nunca deixamos de sonhar. Estamos, querendo ou não, condenados a ser quem somos, porque, infelizmente é tarde demais, já nascemos!

Podemos, claro, ficar mais leves e aprender a conviver com nossas fraquezas, mas isso é coisa para os mais sábios, não para mim que insisto em ser humana em meus sentimentos mais primários. No máximo, para ocultar minha grande falha, troco os meus problemas pelos problemas dos outros e finjo que tudo está bem. Mas eu sei que não está e isso não resolve meu problema, ao contrário, só piora.

Quando a questão é sexo, o que pode nos salvar do ser humano nem tão humano assim? Só mesmo não nascer nos privará do sofrimento. Uma vez nascidos, tarde demais! Perdemos nossos cinco sentidos, não evitamos que nossos olhos vejam outros olhos, que nossos narizes sintam outros cheiros, nossas mãos toquem outras pessoas, que sintamos o gosto delas e ouçamos o que elas têm a nos dizer. Vivemos um curto-circuito de sentimentos que ora nos impele pra frente, ora nos derrota e nos empurra para baixo.

O problema é que nos transformamos em mais que seres humanos e nem tão humanos, mas em homens e mulheres que insistem em extrair alegria de onde nunca existiu sensação ou querência para tal. Que teima em sentir carinho onde, sequer, existiu tesão. Que vê alegria onde só brotam dificuldades, onde neste carnaval de sentimentos que se oferece, paixões e melancolias são colocadas à nossa frente, ao nosso dispor, para optarmos entre incorrer nos mesmos erros ou acertar uma única vez.

Todos, inclusive eu, esquecemos que somos seres normais e estamos tentando nos manter de tal forma na essência. Com braços, pernas, alma, principalmente a alma! E por mais que tentem, por mais que seja tarde já que nascemos e disso, não temos como escapar, não conseguem nos transformar em pedras, parede ou concreto frio. Podem tentar mudar nossas cabeças, nos arregimentar, nos influenciar, nos detonar como pessoas por acharem que somos maleáveis. Mas, tirar de nós a humanidade, proibir que nos entreguemos ao amor, à tentativa de continuar a sonhar, a de continuar a acreditar que existam seres humanos de verdade, que nos permitam sonhar, cultivar o nosso lado mais puro e selvagem é o mesmo que impossível. Só se não existíssemos... Tarde demais, infelizmente, já nascemos!

Por isso, "Vou seguindo pela vida, esquecendo de você... Tenho muito que viver... Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer... Já não sonho..." Mas um dia, volto a sonhar, porque, já nasci... Tarde demais para evitar-me!


Trechos da música Travessia e do texto de Martha Medeiros de um Domingo qualquer. Mas a alma e o sentimento, esses são meus...
Andréa Feder

sábado, 16 de maio de 2009

A Ternura Embutida

Foto: http://icedpee.deviantart.com/art/tenderness-48182178

Minha ternura é assim oblíqua, inexata
Muitas vezes metafórica

É uma ternura de tintura
Mal pintada nas paredes da memória

Minha ternura tem história
Tem olhos de manteiga
Barriga de palhaço

Minha ternura é um desenho inexato
Do tempo que eu furava o dedo com o compasso

Minha ternura mas que química é física
Matematicamente distribuída em hora errada

Minha ternura se perdeu num desvão da escada
Massacrada pela tirania da palavra
Minha ternura ficou escrava de um momento
Para existir é necessário provocar um acontecimento
Dentro de mim mesmo

Minha ternura é envergonhada
Difícil de ser laçada
Uma ternura complicada
Que para existir é preciso ser provocada

Mas por vezes minha ternura é aluvião
Chuva de verão, ronco de trovão
Vem do silêncio da alma
Ou do tropel do coração

Ricardo Soares

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Lamento

Foto: http://xxsweetxpoisonxx.deviantart.com/art/Vacancy-Is-A-Regret-122324433

Triste, a escutar, pancada por pancada
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,
O choro da energia abandonada!

É a dor da força desaproveitada
- O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do nada!

É o soluço da forma ainda imprecisa...
Da transcendência que se não realiza...
Da luz que não chegou a ser lampejo...

E é em suma, o subconsciente aí formidando
Da natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do desejo!

Augusto dos Anjos

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Amor Antigo

Foto: http://circle--of--fire.deviantart.com/art/Love-Letter-92573105

O Amor antigo vive de si mesmo,

não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda a parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Por Não Estarem Distraídos

Foto: http://freggoboy.deviantart.com/art/Together-We-Walk-108292025#

Havia uma levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector

quarta-feira, 6 de maio de 2009

"O Amor é Importante. Porra"

(E Produz Livros Lindos)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa


Nunca fui dado a escrever ensaioso que requer razão, sensibilidade, experiência e paciência, atributos que me são raros. Me considero ainda uma experiência inconclusa e ensaio, isso sim. Mas não vim aqui para falar de crises de um senhorzinho, mas para falar do amor dando voz a uma visceral pichação que ronda São Paulo nas últimas semanas e que sentencia: "O amor é importante. Porra".

Dando vez a esse pensamento eu junto a pichação ao poema de Álvaro de Campos para dizer que o amor é importante e que nem todas as cartas de amor são ridículas e mesmo que nelas estejam embutidas tantas nuances ridículas podem ser uma explosão, um clarão no meio da noite, algo que nos ajusta nos prumos ou nos tira dele de uma vez. Afinal é assim que me sinto após ler talvez o que eu considere a mais linda carta de amor que um homem escreveu à sua mulher, o belíssimo, o pungente, o comovente livro de André Gorz chamado "Carta a D. História de um amor" que ele dedicou a Dorine, a mulher com quem viveu quase 60 anos. Após ler esse livro sinto que sou um homem de merda, repleto de egoísmos e crédulo em falácias, alguém que como muitos não sabe dividir sequer um capítulo inteiro dessa aventura chamada vida com o perdão do lugar-comum para lá de infame. Indigno de receber o amor de qualquer mulher porque jamais conseguiria como ele repartir sequer uma pequena fração do que ele deu pra viver a dois o que ele poderia (teria conseguido?) vivenciar sozinho. Judeu austríaco, nascido em Viena, Gorz - cujo nome verdadeiro era Gerhard Gorz - fugiu do nazismo para a Suíça e, depois, foi para a França onde se tornou um jornalista e pensador político influente nos anos 1960. Seguidor de Sartre, combinou existencialismo com marxismo, fundou e militou no maoísmo e foi um dos grandes inspiradores dos estudantes que se revoltaram no maio de 68 parisiense. Depois migrou para a questão ecológica nos anos 1970 e repensou suas bases de ação política. Sua obra influenciou muita gente de gerações anteriores à minha aqui no Brasil onde ele é ainda pouco conhecido, com poucos livros publicados como "Metamorfoses do Trabalho" e "Misérias do presente, riqueza do possível". Sua história de intelectual e escritor é apenas um fugaz pano de fundo em "Carta a D.", pois ele prefere falar da sua longa vida ao lado de Dorine: do momento em que se conheceram - para ele uma paixão a primeira vista - aos tempos de pouco dinheiro até períodos de tranquilidade financeira e emocional quando doavam o que tinham em excesso. A descoberta de um erro médico provocou em Dorine uma doença progressiva que lhe limitava os movimentos e trazia dores horríveis. Gorz então se retira do mundo intelectual para cuidar dela. Se exilam numa casa de campo na França, onde ele se redime das muitas noites que a deixou de lado para ler e escrever e passa praticamente a viver pra cuidar dela. Ele coloca o amor em primeiro lugar e penso comigo que deve se amar mesmo uma mulher que como Dorine disse a ele, um escritor: "Amar o escritor é amar que ele escreva". Ou seja, se ela o chamava pra se deitar é apenas pra provar que o queria ao seu lado, aquecendo seu corpo nas noites de frio. Mas sabia que o chamado da escrita era maior, mais forte, mais urgente como foi o ato de amor extremo que ambos cometeram em setembro de 2007 quando se suicidaram com uma injeção letal pois ele diz quase ao final de "Carta a D.": "Nós desejaríamos não sobreviver um à morte do outro". Lendo o livro, por incrível que pareça, a genta acaba achando que o desfecho da vida deles não é tão trágico como parece.Um amor como o deles era feito de dois mesmo. Sozinho eles não sobreviveriam. Desde ontem a noite quando acabei de ler esse livro eu concordo mais do que nunca que "O amor é importante. Porra". E que nem todas as cartas de amor são ridículas. Muitas delas podem ser uma catarse, uma revelação, uma certeza de que após a leitura delas nada será como antes. O livro é bonito demais e para quem duvida começa assim:
"Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável.
Já faz cinquenta anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher."

[Post Retirado do Blog do Ricardo Soares: http://todoprosa.blogspot.com/2009/05/o-amor-e-importante-porra-e-produz.html]

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Tempo

Foto: http://javajoe.deviantart.com/art/6243-112526622


Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas de sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mario Quintana