quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Lua

Foto: http://zemotion.deviantart.com/art/of -the-Night-II-76879006

Não é quando o dia amanhece em nova aurora,
a vida recomeça quando o sol cede seu lugar.
Esse é o sinal para mim,
porque sou canhoto
e não destro,
porque sou verso
e não prosa,
canção e não matemática.
Sou guitarras e não armas,
porque sou emoção
e não lógica,
porque ando pelo lado mais vazio da calçada,
porque dirijo de faróis apagados na contramão.
Simplesmente porque sou
o final de semana
e não os dias úteis,
simplesmente porque sou
lua
e poderia ser só sua,
mas você não entende...

Leandro Wirz

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sonho de Herói

Com um galho de bambu verde
e dois ramos de palmeira
eu hei de fazer um dia o meu cavalo
- com asas!
Subirei nele, com vento, lá bem alto
de carreira,
Voarei, roçando o mato,
as copas em flor das árvores,
como se cruzasse o mar...
e até sobre o mar de fato
passarei nas nuvens pálidas
muito acima das montanhas, das cidades, das
cachoeiras,
mais alto que a chuva, no ar!
E irei às estrelas,
ilhas dos rios de além,
ilhas de pedras divinas,
de ribeiras diamantinas
com palmas, conchas, coquinhos nas suas praias
também...
praias de pérola e de ouro
onde nunca foi ninguém...

Murilo Araújo

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Começa Outra Noite

Foto: http://guilmour.deviantart.com/art/Cold-Night-13645334

Por que razão haveria de abrir os olhos,
se o que me rodeia já está dentro de mim.
Em vão perco o que em vão procuro.
Olhando sem olhar,
tocando sem tocar, ouvindo
se que até mim chegue já som algum,
imóvel,
igual a uma pedra.
Pouco a pouco,
o oculto e o visível transformam-se num só
como o rio
e a sua sombra.
(E o silêncio
é escutar o coração de um anjo.)
Ponho à prova o presente:
o seu ponto de chegada sem chegada.
Pergunto-me quem sou,
quem és,
quem somos.
De pé, em frente ao abismo do silêncio,
começa outra noite.

Josep M Rodríguez

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Como um baralho de cartas ou um tigre de papel

A coragem está em assumir uma base de valores sabendo que ela é potencialmente falível e que, ainda durante a vida, podemos vê-la cair por terra, como um baralho de cartas ou um tigre de papel. Não se trata de fé, mas de profissão de fé, de confiança. Pedem-nos sempre, ou és positivo, ou negativo, ou tens ou não tens valores. A vida não é assim. E a sociedade humana falha, muitas vezes, porque não percebe que a vida não é assim.

Sr. Zink