quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Toda glória do mundo é passageira!

Toda glória do mundo é passageira. Principalmente nos campos de futebol. Os gols, os abraços, os aplausos podem terminar de repente. Num pênalti mal batido. Numa despedida ingrata.

Numa curva da estrada.

A glória do mundo é passageira. Ela nos veste de falsos amigos. E nos traga nos bares e noites da vida. Como se as arquibancadas lotadas sempre fossem existir. E os microfones e manchetes fossem diamantes eternos.

A glória do mundo é passageira. Ela se encerra em um sanatório de Barbacena. Numa mesa de sinuca da periferia de Campinas. Em um hospital no interior do Brasil.

A glória do mundo é passageira. Ela morre de cirrose, tuberculose, sífílis, melancolia ou vício. Morre de morte matada e morte morrida. Morre porque toda glória do mundo é passageira.

Jogadores do futebol se tornam imperadores muito jovens. Usam tiaras cobertas de ouro. São aclamados pelas multidões. Endeusados por belas mulheres.

Julgam-se imortais.

Como qualquer um de nós se julgaria, se tão jovens recebêssemos mirra, ouro e incenso.

Porque sempre que fazemos um gol nessa vida. Sempre que defendemos um pênalti. Sempre que nos julgamos eternos.

Devemos repetir para nós mesmos:

Toda glória do mundo é passageira!


ROBERTO VIEIRA

domingo, 11 de novembro de 2007

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.


Amo-te enfim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.


Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.


E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Morais