sábado, 16 de maio de 2009

A Ternura Embutida

Foto: http://icedpee.deviantart.com/art/tenderness-48182178

Minha ternura é assim oblíqua, inexata
Muitas vezes metafórica

É uma ternura de tintura
Mal pintada nas paredes da memória

Minha ternura tem história
Tem olhos de manteiga
Barriga de palhaço

Minha ternura é um desenho inexato
Do tempo que eu furava o dedo com o compasso

Minha ternura mas que química é física
Matematicamente distribuída em hora errada

Minha ternura se perdeu num desvão da escada
Massacrada pela tirania da palavra
Minha ternura ficou escrava de um momento
Para existir é necessário provocar um acontecimento
Dentro de mim mesmo

Minha ternura é envergonhada
Difícil de ser laçada
Uma ternura complicada
Que para existir é preciso ser provocada

Mas por vezes minha ternura é aluvião
Chuva de verão, ronco de trovão
Vem do silêncio da alma
Ou do tropel do coração

Ricardo Soares

2 comentários:

Ana Aitak disse...

Foi mais um sopro de imaginação (que eu quis transformar em/com palavras), mas deve ter alguma inspiração nas coisas do cotidiano nosso (espero que não totalmente...)Kisses. Obrigada pela companhia...

Ana Aitak disse...

acho que eu esqueci a vírgula depois do "mais"; ficaria com o sentido que eu quis.