terça-feira, 23 de outubro de 2007

O Nascimento de Edson Arantes

23 de outubro. Os jornais se derramarão em versos ao gênio de Pelé.

E esquecerão o menino Edson.

Porque 23 de outubro não é o nascimento de Pelé.

23 de outubro é o dia de nascimento do menino Edson. Filho de João e Maria.

O Edson engraxate, como tantos outros Edsons deste país.

O Edson correndo atrás de uma bola pelos campinhos de pelada desse país.

O Edson que teve a sorte de ter um pai e uma mãe amorosos, ao contrário de tantos Edsons deste país.

Quando Edson nasceu, no distante ano de 1940, o Brasil engatinhava no futebol.

Jogamos sete partidas naquele ano. Ganhamos uma.

O Brasil vivia no escuro. Tinha medo de Bicho-Papão, que se chamava Argentina.

Tinha medo de Papa-Figo, que se chamava Uruguai.

Já o Edson não tinha medo de nada. Pois como JK, outro mineiro ilustre, Deus o poupou do sentimento do medo.

Aos 12 anos Edson deslumbrava os sábios do Templo, mas Dona Maria Celeste tinha medo.

O futebol era traiçoeiro.

Dos milhares de Edsons que amaram uma bola nesse país, a grande maioria era analfabeta e morria antes de chegar na idade adulta.

Morria de febre, vômito, diarréia e ignorância.

E morria gritando 'Gol'.

Mas Deus é brasileiro. E nosso Edson vive até hoje. Porém só o chamam de Pelé.

Pelé, como todo gênio que se preza, nasceu mil vezes.

A primeira vez no dia 7 de setembro de 1956 quando estreou no Santos.

A outra em 7 de julho de 1957 quando estreou na Seleção Brasileira.

Mas 23 de outubro não é dia de falar de Pelé.

Porque no dia 23 de outubro nasceu o Edson.

E temos de cuidar dos muitos Edsons que sonham em ser reis.

Porém, que na maioria das vezes, acordam abandonados em seu próprio sonho.

Gritando 'Gol'.

Roberto Vieira

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