23 de outubro. Os jornais se derramarão em versos ao gênio de Pelé.
E esquecerão o menino Edson.
Porque 23 de outubro não é o nascimento de Pelé.
23 de outubro é o dia de nascimento do menino Edson. Filho de João e Maria.
O Edson engraxate, como tantos outros Edsons deste país.
O Edson correndo atrás de uma bola pelos campinhos de pelada desse país.
O Edson que teve a sorte de ter um pai e uma mãe amorosos, ao contrário de tantos Edsons deste país.
Quando Edson nasceu, no distante ano de 1940, o Brasil engatinhava no futebol.
Jogamos sete partidas naquele ano. Ganhamos uma.
O Brasil vivia no escuro. Tinha medo de Bicho-Papão, que se chamava Argentina.
Tinha medo de Papa-Figo, que se chamava Uruguai.
Já o Edson não tinha medo de nada. Pois como JK, outro mineiro ilustre, Deus o poupou do sentimento do medo.
Aos 12 anos Edson deslumbrava os sábios do Templo, mas Dona Maria Celeste tinha medo.
O futebol era traiçoeiro.
Dos milhares de Edsons que amaram uma bola nesse país, a grande maioria era analfabeta e morria antes de chegar na idade adulta.
Morria de febre, vômito, diarréia e ignorância.
E morria gritando 'Gol'.
Mas Deus é brasileiro. E nosso Edson vive até hoje. Porém só o chamam de Pelé.
Pelé, como todo gênio que se preza, nasceu mil vezes.
A primeira vez no dia 7 de setembro de 1956 quando estreou no Santos.
A outra em 7 de julho de 1957 quando estreou na Seleção Brasileira.
Mas 23 de outubro não é dia de falar de Pelé.
Porque no dia 23 de outubro nasceu o Edson.
E temos de cuidar dos muitos Edsons que sonham em ser reis.
Porém, que na maioria das vezes, acordam abandonados em seu próprio sonho.
Gritando 'Gol'.
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