Nós, poetas e amantes
O que sabemos do amor?
Temos o espanto na retina
Diante da morte e da beleza.
Somos humanos e frágeis
Mas, antes de tudo, sós.
Somos inimigos.
Inimigos com muralhas
De sombra sobre os ombros.
E sonhamos. Às vezes
damos as mãos àqueles
que estão chorando.
(Os que nunca choram por nós)
Ah, meus irmãos e irmãs...
Ai daqueles que nos amam
E que por amor de nós se perdem.
Ah, pudéssemos amar um homem
Ou uma mulher, ou uma coisa...
Mas diante de nós, o tempo
Se consome, desaparece e não pára.
Ouvi: que vossos olhos se inundem
De pranto e água de todo o mundo!
Somos humanos e frágeis
Mas, antes de tudo, sós.
Hilda Hilst
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