terça-feira, 31 de março de 2009

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa que venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

Conquistando um Geminiano

As asas do pensamento animam o signo do movimento, da busca do conhecimento e da comunicação... Estimule sua curiosidade, sempre, assim vai manter o geminiano conectado ao seu site. Mas não o obrigue a ficar parado por muito tempo no mesmo lugar fazendo a mesma coisa, tampouco o afogue em complicados jogos emocionais - isso vai deixá-lo completamente nervoso e asmático e poderá desaparecer sem deixar rastros.

Fascinados pelas palavras e pelos mundos que elas trazem em si, adoram conversar. Eloqüentes, são capazes de ficar falando durante horas, não para se exibir, mas porque gostam de compartilhar suas idéias e informações com as pessoas. (Há os tipos calados também, mas pode ter certeza que sua mente fala pelos cotovelos.) Não espere, contudo, que ele consiga ficar ouvindo longas exposições, a não ser que o tema seja muito interessante e abra possibilidades para muitos outros assuntos. Só pra lembrar: não conte toda a sua vida de cara. Evite relatórios e jamais, "never", "jamais" peça isso a ele, pois presa muito sua liberdade. Como um signo de Ar, regido pelo planeta Mercúrio, comporta-se como o metal que tem esse nome... Nem se canse em tentar prendê-lo.

Já deve ter dado pra notar que esse pessoal não é muito "físico", o adjetivo "volátil" seria adequado. Portanto, se você é do tipo afobadinho, trate de se acalmar. Para "alguma coisa" acontecer, há que seduzi-los com palavras, fazê-los pensar, compartilhar atividades culturais, conhecer lugares e gente interessante. Certamente o ser de Gêmeos vai mantê-lo bem informado, mas convém você também ter o seu estoque de novidades bem carregado para atrair sua atenção. Lúdicos e bem-humorados, têm muito senso de humor e adoram rir, inclusive de si mesmos... Brinque com eles.

Ao convidá-lo para sua casa, deixe livros espalhados pelo ambiente, isso pode ser muito inspirador, acredite se quiser. Irrequieto e agitado, uma maneira de sossegar um geminiano é fazer uma boa massagem nos seus ombro, braços e mãos. Talvez precise de alguma isca para convencê-lo a se sentar: mostrar alguma música que ele não conheça pode funcionar... Música calma, claro, do contrário sairá dançando loucamente no meio da sala.

Caso você queira alguém sempre a seu lado olhando (e babando) pra você, que chegue sempre no horário marcado e siga o roteiro programado, que diga dez vezes por dia que o ama, bem, desista. Mas se quer uma vida sem rotinas, algo como um desenho animado ou um game interativo, abra suas asas e boa viagem...

Amanda Costa

Signo de Gêmeos

De manhã, você pegou uma conversa entre seu sócio e um camarada muito empertigado, que expunha com ares de sabichão as inúmeras vantagens da instalação de um novo equipamento a laser na empresa. Acidentalmente, este mesmo camarada estava sentado na mesa ao lado, quando você foi tomar seu chope de fim de tarde - só que parecia ser outra pessoa, pois atacava piadas de papagaio com a ginga de um malandro carioca. E não é que na manhã seguinte, por acaso, você cruza com este mesmo indivíduo na porta da escola das crianças, e ele está pacientemente arrumando a mochila do filho e fazendo uma preleção sobre a falta de educação que é ficar contando piadas de português para a professora. Você vai pensar que está tendo miranges, ou que o tal camarada tem vários clones espalhados pela cidade. Bobagem. O doutor esnobe, o piadista escrachado e o pai cheio de dedos são uma única e mesma pessoa: um camaleão geminiano.

O velho adágio "la donna è mobile" pode ser aplicado à perfeição aos homens, mulheres e crianças de gêmeos: eles são seres voláteis por natureza, que mudam de postura e opinião com a mesma sem-cerimônia com que mudam de roupas, hobbies, simpatias e antipatias. E não é porque eles não saibam o que querem - é que não conseguem se decidir entre tanta coisa que o mundo oferece e, na dúvida, decidem-se por tudo. O próprio mito relativo ao signo, dos irmãos Castor e Pollux, filhos de Zeus (disfarçado de cisne) e da mortal Leda, explica tudo: o geminiano é um caso de dupla personalidade crônica, ou, na mais emocionante das hipóteses, de múltipla personalidade, mesmo.

O geminiano é regido pelo planeta Mercúrio, o mais esperto e inquieto dos corpos celestes. Isso lhe dá, além da personalidade camaleônica, a capacidade de fazer mil e uma coisas ao mesmo tempo, com um pé nas costas. Aquele senhor mencionado acima, por exemplo, é capaz de ler jornal, atender nove telefonemas, ditar uma carta comercial e revisar os originais de seu livro de memórias simultaneamente, e isso no espaço de quarenta minutos. E de falar com desenvoltura sobre qualquer assunto, das últimas do Dalai Lama às últimas cotações da Bolsa de Tóquio. Pode ser que diga uma ou outra mentirinha sobre a fuga do Dalai do Tibet, ou certa invencionices sobre a flutuação das ações. Não tem importância - o geminiano não mente de propósito, apenas sofre de excesso de imaginação. Ele será sempre mais caleidoscópico do que a monótona realidade.

Marília Pacheco Fiorillo e Marylou Simonsen

quinta-feira, 26 de março de 2009

A Arte de ser Feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus
dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Às vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

Não Entendo

Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só de vez em quando vem a inquietação:
Quero entender um pouco.
Não demais, mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector

Vilarejo

(Marisa Monte)

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-la
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando...
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for...

terça-feira, 24 de março de 2009

Hamleto

Todo o homem inteligente, que tenha lido durante a vida mais de dez livros de literatura, sente um delicado abalo e um ligeiro frêmito nervoso agitarem-lhe o coração, todas as vezes que vê anunciado, por um ator de nome, o inabalável Hamleto de Shakespeare.

E só com o Hamleto acontece isso. Donde lhe virá tão transcendente privilégio? Qual o segredo da magia dessa misteriosa obra de arte, que assim acorda ao mesmo tempo mil impressões, sem que destas nenhuma entretanto se definisse até hoje claramente?

Todos conhecem Hamleto; muitos o discutem; ninguém o nega; todos o aceitam; todos o desejam; todos o amam doidamente; mas ninguém o explica; ninguém o define, porque o próprio Hamleto não se explica, nem se define a si mesmo. Não se define, porque ele próprio é a mesma dúvida; é a mesma contradição; ele é o indefinido afeiçoado por um poeta de gênio.

Anunciado o Hamleto, correm todos a vê-lo inda uma vez; mas, por melhor que seja a interpretação que lhe dê o artista ninguém até hoje saiu do teatro amplamente satisfeito por ter visto mover-se em cena o Hamleto sonhado pelo seu coração e pela sua inteligência.

Nenhum trágico deu jamais ou será capaz de dar ao vivo esse tipo-enigma, esse idolatrado mito, que vive na imaginação de todos, porque fia Hamleto, posto que muito humano, não é homem.

Não é um personagem em arte, é um símbolo. É a dúvida, intangível e incorporável como o indefinido. E nisso está o seu valor. Todos o compreendem, mas ninguém o define em crítica, nem o traduz em cena satisfatoriamente.

Todos o sentem; todos o compreendem; todos o conhecem, como a um íntimo e querido companheiro da sua própria alma e da sua própria incerteza. Pelo espírito de todo o homem inteligente, por mais curta, mais longa, mais tranquila ou agitada que seja a sua vida, já pelo menos uma vez, atravessou essa misteriosa sombra, com o seu olhar estranho, embaciado pela indefinida tristeza da dúvida. E essa sombra nunca mais se apagou desse espírito.

Por todo o cérebro, iluminado pelo menos por uma idéia, já algum dia se arrastou gemendo a desvairada melancolia de Hamleto, perguntando à dor da sua prórpia dúvida, o irrespondível "ser ou não ser"? E o eco desse gemido sem resposta aí ficou gravado para sempre, como a saudade de um amor, ou como o remorso de um crime.

Shakespeare, que formou genialmente os seus tipos com a intensidade das próprias paixões que eles sintetizam; ele que criou o Ciúme com o próprio ciúme; a Loucura com a própria loucura; a Avidez com a própria avidez e o Amor com o próprio amor - fez o Indefinido com o próprio indefinido.

Se Hamleto não fosse contraditório; se fosse explicável e coerente, seria incoerente e contraditório, e nunca seria Dúvida.

Ele é todo feito de contradições; é enérgico e vacilante; indiferente e apaixonado; vingativo e carinhoso; louco e sensato; hipócrita e sincero; paciente e desensofrido; prudente e arrebatado; generoso e pérfido; é bom e é cruel; é bom filho, e é mau filho. As suas lágrimas são escardinhas e o seu sorriso dói. O seu amor é uma queixa contra o seu próprio amor, e o seu ódio é a seiva e é a vida do seu coração. Ele é a Dúvida, que só se define pela dúvida. Ele é a Contradição, que só se afirma pela contradição. Ele é enfim o indefinido.

Ele é o Indefinido quando diz a Ofélia que nunca a amou, mas que a ama agora, contanto que ela nada espere desse amor e se recolha a um convento. Ele é Contradição quando diz que todos os homens, sem excetuar nenhum, nem ele próprio, são miseráveis, tendo afirmado que seu pai, o rei da Dinamarca, era tão belo modelo de valor e virtudes que só aos deuses podia ser comparado. Ele é contradição no seu extremoso amor filial, porque ele é o carrasco de sua própria mãe. Ele é Contradição quando, tendo já se encontrado e entendido com o espectro de seu pai, que lhe faz revelações imprevistas, vem depois, no célebre monólogo do terceiro ato, falar-nos dessa outra margem oposta à da vida, a morte, donde, afirma ele, nunca ninguém voltou ao mundo que habitamos. Ele é Contradição quando, tendo friamente assassinado Ofélia com a sua cruel indiferença, lança-se diante do cadáver dela, desafiando a quem na terra a possa amar mais do que ele.

Toda essa contradição é a Dúvida.

E porque Hamleto é a Contradição, Hamleto é inexplicável, é vago, é sombra que escapa à grosseira vista dos sentidos, e só pode ser bem julgada e compreendida pelo espírito e pelo coração. Ele, só dentro de nós mesmos, existe real e perfeito; desde que qualquer arte plástica pretenda dar-lhe forma, as suas fantásticas proporções logo se amesquinham, e Hamleto deixa de ser Hamleto como todos o conhecem.

Hamleto fora da nossa imaginação é um polvo fora d'água.

Ele pertence a todos e pertence a cada um em particular. O abalo que se experimenta ao ouvir o seu nome mágico parece a cada indivíduo um caso privado de simpatia. É que Hamleto é a misteriosa expressão da dúvida de cada um de nós. Todos nos embriagamos com esse doloroso e eternal idílio entre o conhecido e o desconhecido.

Pensar em Hamleto é pensar em Ofélia. Menos ideal do que ele, mais terrena, mais sensual, ela é também ainda assim uma visão intangível. Ofélia, toda branca, toda loura, toda amorosa, esbate-se como sombra abraçada à sombra de Hamleto; mas a loucura que nele é sonho e embriaga, nela é realidade e dói.

Só um instante ela é mulher. A sua carne de virgem desaparece desde que ela inclina a dourada fronte, vencida n'alma pela irresistível dúvida do seu príncipe incompreensível, e a pensativa sombra de Hamleto arrasta-a para o indefinido.

Ofélia é triste e contraditória estrela, que se acende à luz do dia e desmaia à sombra da noite. É uma estrela afogada na noite da Dúvida.

O seu diálogo com Hamleto é o melancólico idílio de uma luz que morre e suspira com a treva que geme e arqueja.

Há por entre as suas frases doloridas todos os soluços da miséria humana, como entre as de Hamleto há toda a velha agonia da dúvida em que nos arrastamos na vida.

- Eu te amei... Outrora...

- Assim o supus...

- Não devias acreditar... Eu nunca te amei...

- Ai!...

- Entra para um convento... não queiras ser mãe de pecadores. Nós somos todos miseráveis... Fecha-te num claustro...

- Os mimos de amor que me destes aqui os tendes, levai-os... já não têm perfume... o coração que me deu já me não ama...

- Ah! Ah! és virtuosa?...

- Senhor...

- És... bela?

- Meu senhor...

- Bela e virtuosa. Separa a tua formosura da tua virtude, porque a beleza tem garras fortes e a virtude fraca defesa...

- Meu senhor...

- Entra para um convento... Eu supunha que te amava dantes... Só agora é que te... Faze-te freira...

E a estrela apaga-se de todo e a treva fecha-se na treva, deixando para sempre no espírito de quem escutou o seu idílio a saudade que unia música indefinida, feita de suspiros e de soluços.

(...)

E, pois, quinta-feira passada corri ao teatro Lírico. E o Sr. Novelli disse-me do palco, não sei em nome de quem, que Hamleto era "Histrião por vingança".

E, com efeito, um calculado doido começou com a sua calculada loucura a intrigar, nem só todos os outros personagens da peça que se representava, como a mim próprio e aos outros espectadores que o ouviam.

Desconheci a tragédia. No fim de algum tempo perguntava a mim mesmo quem seria aquele violento intrigante, aquele sensual dinamarquês que vociferava contra os seus companheiros de cena.

E, a proporção que o Sr. Novelli refundia Shakespeare, Hamleto, a misteriosa sombra que persiste dentro de todo o homem que já leu dez livros literários, ia-se a pouco e pouco afastando de mim, até que, ao terminar o espetáculo, quando o falso doido estica-se e morre, já o meu querido e misterioso Príncipe da Dúvida, que nunca me abandonara o espírito desde que o conheci, tinha de todo me fugido; e eu comecei a sentir-me só, frio, abandonado moralmente, viúvo de um velho companheiro espiritual.

Tive vontade de chorar.

E então apoderou-se de mim um desejo forte, desensofrido de ver Hamleto, de ouvi-lo para matar saudades, de senti-lo vivo, para me convencer de que o Sr. Novelli não o tinha assassinado para sempre.

Corri a casa e reli avidamente o divino poema da Dúvida.

Ah! felizmente, antes de adormecer, já de olhos fechados, achei de novo a querida sombra pensativa; estava defronte de mim, imóvel, a fitar-me com um triste olhar de tédio e de desdém, como se eu tivesse culpa do que, sucedeu quinta-feira no teatro Lírico.

Ela voltou, felizmente, mas do susto de a ter perdido é que já ninguém me livra.

E, agora, juro que o Sr. Novelli não ma roubará outra vez, ainda que por cinco minutos.

Nada, com cousas sérias não se brinca!

Aluísio de Azevedo

segunda-feira, 23 de março de 2009

Friends Will be Friends

(Queen)

Another red letter day
So the pound has dropped and the children are creating
The other half ran away
Taking all the cash and leaving you with the lumber
Got a pain in the chest
Doctor's on strike what you need is a rest

It's not easy love but you've got friends you can trust
Friends will be friends
When you're in need of love they give you care and attention
Friends will be friends
When you're through with life and all hope is lost
Hold out your hands cos friends will be friends right till the end

Now it's a beautiful day
The postman delivered a letter from your lover
Only a phone call away
You tried to track him down but somebody stole his number
As a matter of fact
You're getting used to life without him in your away

It's so easy love cos you got friends you can trust
Friends will be friends
When you're in need of love they give you care and attention
Friends will be friends
When you're through with life and all hope is lost
Hold out your hands cos friends will be friends right till the end

..........................................

Mais um dia de letra vermelha
Então a libra caiu e as crianças estão criando
A outra metade fugiu,
Levando todo o dinheiro e deixando você com a tralha
Tem uma dor no peito
Os médicos estão em greve. O que você precisa é de descanso

Não é facil, mas você tem amigos em quem pode confiar
Amigos serão amigos
Quando você precisa de amor, eles te dão carinho e atenção
Amigos serão amigos
Quando sua vida está acabada e toda a esperança se foi
Estenda as suas mãos, porque amigos serão amigos até o fim

Agora é um lindo dia
O carteiro trouxe uma carta do seu amor
Basta uma ligação
Você tentou encontrá-la, mas alguém roubou o seu número
Para falar a verdade
Você está se acostumando a vida sem ela de qualquer jeito

É tão fácil porque você tem amigos em quem pode confiar
Amigos serão amigos
Quando você precisa de amor, eles te dão carinho e atenção
Amigos serão amigos
Quando sua vida está acabada e toda a esperança se foi
Estenda as suas mãos, porque amigos serão amigos até o fim.

domingo, 22 de março de 2009

Shades of Gray

Gerações reveladas...
De pai para filho, mãe para filha.
Quando um parte, o outro assume,
destinado a repetir os mesmos erros.
Ter os mesmos triunfos.
Como é que vemos o mundo,
senão através das lentes deles?
Os mesmos medos, os mesmos desejos.
Os vemos como um exemplo a ser seguido,
ou como um aviso do que evitar?
Escolhendo viver com eles simplesmente por que é o que sabemos,
ou, levados a criar nossa própria identidade?
E o que acontece quando descobrimos que são um desapontamento?
Podemos substituí-los?
As nossas mães, os nossos pais,
Ou, o destino encontrará uma forma de nos fazer voltar,
voltar ao conforto familiar do lar?

Heroes

sábado, 21 de março de 2009

Pés, para que servem? Se tenho asas para voar!!

VOE...
VOE BEM ALTO...
O MAIS ALTO QUE PUDER...

A única coisa que lhe peço
É que quando chegar lá em cima,
De uma última olhada em direção ao chão
Para que possamos dar-nos um último adeus
E uma última troca de sorrisos.
Após isso volte a voar!
O mais rápido que conseguir e o mais alto que puder.
E nunca mais olhe para trás

Se um dia resolver pousar,
Mesmo que para um leve descanso,
Não se esqueça de me visitar para contar as aventuras.

Estarei ancioso...

Diogo de Mello Silva

sexta-feira, 20 de março de 2009

I Don't Want to Miss a Thing

(Aerosmith)

I could stay awake just to hear you breathing
Watch you smile while you are sleeping
While you're far away dreaming
I could spend my life in this sweet surrender
I could stay lost in this moment forever
Every moment spent with you is a moment I treasure

I don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
'Cause I'd miss you baby
And I don't wanna miss a thing
'Cause even when I dream with you
The sweetest dream would never do
I'd still miss you baby
And I don't want to miss a thing

Lying close to you feeling your heart beating
And I'm wondering what you're dreaming
Wondering if it's me you're seeing
Then I kiss your eyes
Anh thank God we're together
I just wanna stay with you in this moment forever
Forever and ever

I don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
'Cause I'd miss you baby
And I don't wanna miss a thing
'Cause even when I dream with you
The sweetest dream would never do
I'd still miss you baby
And I don't want to miss a thing

I don't wanna miss one smile
I don't wanna miss one kiss
I just wanna be with you
Right here with you, and just like this
I just want to hold you close
Feel your heart so close to mine
And just stay here in this moment
For all the rest of time

I don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
'Cause I'd miss you baby
And I don't wanna miss a thing
'Cause even when I dream with you
The sweetest dream would never do
I'd still miss you baby
And I don't want to miss a thing

I don't want to close my eyes
I don't want to fall asleep
I don't want to miss a thing

.......

Poderia ficar acordado só para te ouvir esperar
Ver-te sorrir enquanto dormes
Enquanto estás longe e sonhando
Poderia passar a minha vida inteira nessa entrega doce
Poderia perder-me nesse momento para sempre
Todo o momento que passo contigo é um momento que eu prezo

Não quero fechar os olhos
Não quero adormercer
Porque te perderia
Não quero perder nenhum detalhe
Porque mesmo quando eu sonho contigo
O sonho mais doce nunca nunca vai ser suficiente
Ainda te perderia
Não quero perder nenhum detalhe

Deitado perto de ti, sentindo o teu coração bater
E imaginando o que estás a sonhar
Imaginando se sou eu quem tu estás a ver
Então beijo teus olhos e agradeço a Deus por estarmos juntos
Só quero ficar contigo
Neste momento para sempre, para todo o sempre

Não quero perder um sorriso
Não quero perder um beijo
Eu somente quero ficar contigo
Aqui contigo, e somente assim
Eu só quero segurar-te
Sentir o teu coração fechando-se no meu
E somente ficar aqui neste momento
por todo o resto do tempo...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Saudade

Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

Augusto dos Anjos

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Para alguem muito especial...

terça-feira, 17 de março de 2009

Anima vs Animus

Nos últimos dias, peguei-me lendo um texto sobre psicologia escrito por Jung sobre personalidades e também uma ótima passagem do livro "O ser Consciente".

Essas informações levaram-me a pensar diretamente na abordagem principal do tema: "A Maturidade". O conflito do homem moderno, criado por uma cultura popular que espera um homem diferente do que manda a sua masculinidade, me chamaram muito a atenção.

Raramente o desenvolvimento fisiológico faz-se acompanhar do seu correspondente emocional, e aqui temos o conflito. Nesse caso, o período infantil alonga-se e predomina, fazendo-se característica de uma personalidade instável, atormentada, insegura, depressiva ou agressiva, entre outros.

De acordo com Jung "não existe homem algum, tão exclusivamente que não possua em si algo feminino ". O fato é que, na maioria das vezes, ocultamos esta vida afetiva, que em muitos casos é vista como característica própria da mulher. Com isso acreditamos ser uma virtude reprimir esses traços de personalidade. O que não sabemos é que todo material reprimido não é anulado. Ele é acumulado no inconsciente, podendo retornar ao consciente de outras formas.

Essa repressão pode criar no mundo externo a imagem de um homem forte, firme em suas decisões e aparentemente realizado. Entretanto, quando se depara com o mundo interior, percebe que existe uma criança delicada, que tem medo de si e dos outros e ao mesmo tempo quer se lançar em busca de uma vida plena, de paixão, ternura e amizade. A imaturidade expressa-se através da preservação dos conflitos, graças aos quais muda de comportamento sem liberar-se da frustração, essa presença da infância.

"Quem aspira por ser amado mantém-se na imaturidade, na dependência psicológica infantil, coercitiva, ególatra."

Com essa frase, temos que o primeiro passo para o amadurecimento está no afetivo. Somente após superar os constrangimentos e as pseudonecessidades emocionais é que nos encontramos prontos para a formação do discernimento, superando a ilusão e a fantasia criados pelo fenômeno infantil.

Finalmente chegamos aos últimos passos que são o amadurecimento moral, onde superamos os instintos, as sensações grosseiras e imediatistas. Vencendo essa parte a maturidade social aparece naturalmente, porque, autoconhecendo-se, o homem torna-se harmônico.

Para lançar-se nessa caminho é necessário coragem. O psicólogo austríaco Steve Bidduph diz que "se existe um primeiro passo a ser dado pelos homens em direção à "cura", provavelmente é começarem a ser mais verdadeiros". Para Jung o ponto de maturidade da psique humana está na harmonia das várias instâncias.

No final precisamos encontrar um equilíbrio entre anima e animus, a fim de evitar o conflito e caminharmos para a maturidade...

Toda essa informação foi um verdadeiro choque na minha visão de personalidade do homem. Revi e remontei todos os conceitos que possuía sobre a minha maturidade e comecei a repassá-los em minha mente. 

Estou em busca dos primeiros passos para a "cura".


Diogo de Mello Silva

Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anjos

domingo, 15 de março de 2009

Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 12 de março de 2009

Saiba Morrer o que Viver não Soube

Meu ser evaporei na lida insana
do tropel de paixões que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis que sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.

Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.

Bocage

quarta-feira, 11 de março de 2009

Insuficiência dos Ditames da Razão contra o Poder do Amor

Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n'alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas:

Razão feroz, o coração me indagas,
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vás nele (ai de mim!) palpando, e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas:

Cego a meus males, surdo a teu reclamo,
Mil objetos de horror co'a idéia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo:

Razão, de que me serve o teu socorro?
Manda-mes não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro.

Bocage

Dois Gênios... Duas Genialidades...

Posso dizer que vivi algo único.

Um relacionamento eterno e inesquecível... Perfeito quando visto de fora, porém, com um pequeno conflito interno, paradoxal...

Ela, uma figura peculiar, com características notáveis. Uma pessoa capaz de causar frisson por ser um gênio da literatura, filosofia, psicologia, arte, musica, cinema e etc. Creio que dificilmente encontrarei pessoa melhor instruída, ou letrada.

Eu, que permita-me faltar com um pouco de humildade, sou considerado por muitos, dentro de minha atividade, um gênio. Minha facilidade de absorver a informação e utilizá-la em benefício, a dinâmica de resolver problemas e analisar situações adversas de maneira impecável. Me considero, ainda que para sustento do próprio egoísmo, uma pessoa única e notável.

Mas, como a história nos ensina, cada gênio possui uma genialidade. Um refúgio, considerado por muitos um defeito, provido do reflexo de tamanha atividade cerebral. Ela, é pura emoção, enquanto eu me defino como uma razão sem limites. A psicologia nos diz que essas características se completam, ainda que opostas. Esse paradoxo regiu esse relacionamento...

A emoção pura, instintiva, é sentimento. É reta, direta, específica, quente e subjetiva. Engendra as artes, notadamente a poesia. Já a razão é inteligência, no sentido lato, o da capacidade de entender tudo o que nos cerca e o que sentimos. É circular, indireta, genérica, fria e objetiva. É a ferramenta do cientista e dos que elaboram obras materiais, nem sempre devidamente valorizadas, mas indispensáveis ao padrão de vida dito civilizado.

Esse choque de razão e emoção, purificadas e cristalinas, transformou-se em um conjunto de cores e degradês, criando, desde os mais tristes, até os mais felizes sentimentos. Essa nova experiência deixou marca na personalidade de ambos. Eu, antes sólido, decisivo e implacável, agora tenho perguntas e respostas incompletas. Ela, antes subjetiva, sonhadora e indecisa, teve algumas respostas e perguntas completadas e agora tornou-se mais direta.

Trilhar esse mundo de fantasias e emoções, de racionalidade e soluções sempre a vista, tudo dentro de uma mesma medida foi único. Ouso dizer que nunca antes experimentado por tais personagens. Ninguém melhor que Fernando Pessoa, o poeta dos heterônimos,  para montar a base da minha reflexão sobre esse relacionamento. Ele disse: “Os realistas realizam pequenas coisas, os românticos, grandes. Um homem deve ser realista para ser gerente de uma fábrica de tachas. Para gerir o mundo deve ser romântico. É preciso um realista para descobrir a realidade; é preciso um romântico para criá-la”.

Nessa linha posso dizer que gerenciamos o mundo e a relação em todos os aspectos. Descobrimos e criamos um mundo particular. Um sonho... Uma grande peça de teatro que começou a 2 anos atrás. Vivemos e morremos, renascemos e recriamos. Eu te dei o chão e você me levou a lua. Encaixamos perfeitamente, como peças finamente trabalhadas.

O convívio transformou essa junção em algo diferente, perfeitamente explicado por Silvana Duboc: “Eu sou a razão correndo atrás da emoção e você a emoção pedindo aos céus que eu possa pertencer ao mesmo lugar que o seu. Mas, o que você não sabe é que fui eu mesmo quem escolheu esse lugar, só para ser sua alma gêmea. O que você não sabe é que, mesmo sem saber onde era o meu lugar, eu já te amei...”...

Como toda peça de teatro, mesmo que inesquecível, as cortinas se abaixam. Esse grito de liberdade para que sua emoção seja alimentada, ganhou destaque, assim como a minha racionalidade pedindo seu espaço. Os gênios precisam alimentar sua genialidades para que continuem sendo gênios. Finalmente moldamos o nosso paradoxo. A razão e a emoção que criaram o melhor de todos os relacionamentos pediram o seu espaço.

Por quanto tempo? Impossível dizer, afinal conforme Bernard Cornwell: “O destino é inexorável e por mais que eu tente forçá-lo, o máximo que consigo é arrancar risos das fiandeiras que o tecem.”.

Portanto, as cortinas estão abaixadas, mas não se pode saber se esse é um épico Gran Finale, se estamos apenas tomando fôlego para continuar o próximo capítulo, ou se chegamos ao fim de uma temporada, sem previsão de volta do espetáculo...

O destino é inexorável...


Diogo de Mello Silva