Toda glória do mundo é passageira. Principalmente nos campos de futebol. Os gols, os abraços, os aplausos podem terminar de repente. Num pênalti mal batido. Numa despedida ingrata.
Numa curva da estrada.
A glória do mundo é passageira. Ela nos veste de falsos amigos. E nos traga nos bares e noites da vida. Como se as arquibancadas lotadas sempre fossem existir. E os microfones e manchetes fossem diamantes eternos.
A glória do mundo é passageira. Ela se encerra em um sanatório de Barbacena. Numa mesa de sinuca da periferia de Campinas. Em um hospital no interior do Brasil.
A glória do mundo é passageira. Ela morre de cirrose, tuberculose, sífílis, melancolia ou vício. Morre de morte matada e morte morrida. Morre porque toda glória do mundo é passageira.
Jogadores do futebol se tornam imperadores muito jovens. Usam tiaras cobertas de ouro. São aclamados pelas multidões. Endeusados por belas mulheres.
Julgam-se imortais.
Como qualquer um de nós se julgaria, se tão jovens recebêssemos mirra, ouro e incenso.
Porque sempre que fazemos um gol nessa vida. Sempre que defendemos um pênalti. Sempre que nos julgamos eternos.
Devemos repetir para nós mesmos:
Toda glória do mundo é passageira!